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Hoje...

Hoje não me juntei à manifestação, mas estou completamente solidaria com todos os que o fizeram (quer dizer, com quase todos, pois muitos dos que lá andam - que eu sei, porque tenho connections - até deviam ter vergonha de lá andar, por variadissimos motivos que nem sequer me vou dar aqui ao trabalho de enumerar).

Muitos dirão (que eu tambem sei) que não fui porque sou capitalista e tal e coiso e faço parte dos patrões cabrões e mais-não-sei-o-quê, porque tenho um bom carro, (ainda) não conto tostões ao final do mês, vou de ferias para um hotel jeitoso, janto fora, etc, etc, etc.
E a esses só digo duas coisas, a saber:
1. Esta capitalista filha-da-puta passou todo este sabado (como alguns outros, diga-se), desde as 09 da manha até agora (que são 19h10) a trabalhar no escritorio, tendo feito uma pequena pausa para almoçar uma sandes de queijo e um nectar no café em baixo do escritorio (as minhas desculpas pelo abuso, sim?);
2. Vão-se lixar, com "f", vocês que invejam o que tenho efectivamente de bom na minha vida (peço desculpa por isso, sim?) mas que não estão nem nunca estiveram para trabalhar 1/3 do que eu já trabalhei na vida (alguns nunca estiveram para trabalhar, tout court), porque é mais facil estarem sempre a lamentar-se da falta de sorte, de emprego, de dinheiro, enquanto bebem mines no café (nas quais gastam o dinheiro que afinal não tinham).

Aos outros, os que trabalham com afinco e recebem salários vergonhosos, os que não trabalham porque não conseguem emprego, os que toda a vida apenas puderam contar com paulada atrás de paulada deste Estado de merda que é o do nosso país desde que me lembro de mim (e anteriormente tambem, suponho) e que nunca conseguiram nada mais que trabalhar que nem uns mouros para pagar as contas essenciais das suas familias, os que têm sido sistematicamente prejudicados pelos ladrões que têm governado este paísb (e que são muitos), digo que estou convosco nesta luta ainda que não tenha estado na manifestação de hoje.
Porque eu, tal como vocês, não sou nenhuma previligiada, nunca tive nada de mão beijada, nunca recebi nenhuma herança choruda (nem sem ser choruda), nunca roubei nada a ninguem, nunca enganei ninguém, nunca explorei ninguém. Simplesmente estudei, trabalhei (muito) e tive sorte, que tambem faz parte da vida. Não acho que tenha que pedir desculpa por isso.

Não estive na manifestação hoje. Mas nem por isso estou menos preocupada com o estado das coisas neste país, nem menos solidaria com os milhares de trabalhadores que vão ser roubados por esta medida inqualificavel deste governo que, não obstante as dificuldades e condicionantes que todos conhecemos, não hesita em manter regalias aos seus à custa de quem trabalha.

E era só isto. Agora a capitalista vai para casa, a ver se está um bocadinho com os seus filhos, que os capitalistas tambem têm familia.

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