...

...

Adeus ano velho, venha de lá esse 2016

Este ano que agora se acaba não foi um ano fácil. Nada fácil.
Perdi a minha avó e só esse triste acontecimento foi o bastante para que este ano de 2015 tivesse sido uma grande merda de ano. Tenho saudades, muitas, e não raramente penso nela como se ainda estivesse aqui, para logo me lembrar que já não está, e acho que ainda não aprendi a lidar com essa ausência, com a impossibilidade de ouvir a sua voz, de sentir o seu toque, enfim, de a saber cá.
Fiz 40 anos e isso também foi uma grande chatice. Eu, que nunca me preocupei com a idade (até agora, claro está), fui subitamente acometida por um sentimento de que o melhor já passou, de que já não tenho idade nem força anímica para novos projectos quanto mais para mudanças radicais. Devo portanto limitar-me a seguir a minha vidinha, muito agradecida por ter trabalho e uma vida estável e não ter dívidas nem inimigos conhecidos nem doenças nem uma série de tragédias que  assolam outras pessoas e que devo dar graças a Deus por não me assolarem a mim. Bem sei que devo efectivamente ser e estar grata e não pedir muito mais do que o que tenho mas ainda não estou nesse ponto de evolução, lamento. E lamento por mim, pois ninguém mais do que eu ficaria feliz se assim fosse.
Neste ano que agora se acaba as emoções andaram uma confusão, por tudo e essencialmente (e mais preocupante ainda) por nada. A sensação de desânimo foi quase constante. O cansaço, físico e mental, esteve quase sempre presente. Não fui a mãe nem a mulher nem a filha que deveria ser, demasiadas vezes. Tenho consciência disso e um medo terrível de que algum dia chegue à conclusão de que já é tarde, de que com tanta mania da perfeição faço tudo mal, de que com a ilusão de que consigo chegar a tudo e a todos não chego a nada nem a ninguém. Muito menos a mim, que tantas vezes já nem sei onde estou nem para onde me dirijo quanto mais o que ando por cá a fazer...
Este ano foi, por tudo isto e mais umas botas, um ano que não me deixa boas recordações. Que acabe, finalmente, e que venha o novo ano e com ele tranquilidade e paz de espírito, serenidade, capacidade de aceitação, capacidade de ser grata e feliz com o (muito) que tenho mas que sabe-se lá porquê parece que nunca me basta. Que o novo ano me permita aprender a ser melhor mãe, melhor mulher, melhor filha, mais tolerante, com os outros mas essencialmente comigo, mais terra-a-terra e menos idealista, mais satisfeita e com menos expectativas, menos séria e mais simplista.
E que daqui a um ano eu seja uma pessoa melhor. Pronto, lá estou eu com as expectativas... Começamos mal...

Dos dias em que as lágrimas se prendem na garganta

Já não venho aqui há alguns meses. Por várias razões e por nenhuma, não sei. Hoje voltei. Porque é um dia especial. É o teu aniversário. Seria, se não tivesses partido tão cedo...
Se não tivesses partido tão cedo estarias hoje aqui connosco, feliz, no teu dia de aniversário, com a neta linda que não tiveste oportunidade de conhecer e que te ia derreter o coração, a ti, que sempre adoraste todas as crianças, mesmo as que não eram tuas. E eu sei bem do que falo, que nem do teu sangue era e recebi tanto de ti. Tanto amor, tanto carinho, tanta atenção. Foste um pai durante uma parte tão importante da minha vida, nunca o vou esquecer, nunca te vou esquecer... Imagino o que serias com a tua neta, que ainda por cima tanto faz lembrar o teu filho, meu primo-irmão.
Se não tivesses partido tão cedo hoje ter-te-ia dado os parabéns.
Mas partiste. E não estás aqui. Onde quer que estejas recebe o meu beijo e o meu abraço. Onde quer que estejas quero que saibas que nunca me esqueço de ti, que contínuas bem vivo no meu coração, que continuo a amar-te como sempre e que tenho muitas mas muitas saudades tuas. Parabéns Quim. 

Mais leituras de ferias

O fim da Inocência, de Francisco Salgueiro, um relato ASSUSTADOR da adolescência de hoje. E quando digo assustador é mesmo assustador.

Enquanto Lisboa arde o Rio de Janeiro pega fogo, de Hugo Gonçalves, um romance que nos prende praticamente desde o início, ligeiro mas agradável de ler.

Só me apetece ganir...

Acabaram as férias. Amanhã já vou pegar no batente. Estou entre rebentar em lágrimas, mandar-me da varanda ou correr contra uma parede. 
Era só isto.

Leituras de férias

Ler é uma das coisas que mais gosto de fazer mas nem sempre consigo dedicar-me a tal prazer.  Por falta de tempo. Por falta paciência ao fim de um dia de trabalho, que passo agarrada a livros e computador.
Por isso aproveito as férias, a praia, a piscina, as viagens, o antes de dormir, para tirar a barriga de misérias.
Estas férias tenho uma técnica nova: na praia e na piscina leio o tradicional livro em papel; quando a luz exterior não é tão clara e encandeante leio um ebook.
Estes dois já cá cantam.

«Quando o Cuco Chama», o primeiro policial de J.K. Rowling sob pseudónimo.

"Manual de Felicidade para Neuróticos", um livro leve e divertido de Nuno Amado.

Adios Marbella, hasta la vista!


pronto, terminaram as nossas petites vacances em Marbella. 
Giro, Marbella. 
Puerto Banús, com o seu glamour: lojas de griffe, iates de ficar com a boca aberta até uma mosca nos pousar nos lábios e nos chamar à realidade, ferraris, porches, bentleys e outros que tais ao pontapé. Cada carro que até eu (que não ligo patavina) páro para ver. E abro a boca de espanto. Outro mundo, ou melhor, outro universo. Ou galáxia.
Marbella antiga (casco antiguo, como lhe chamam), pitoresca. Ruas estreitas, varandas floridas, gente que não acaba mais.
Temperatura fabulosa, dia e noite. Quase tanto calor de noite como de dia. Para se ter a ideia, às 23h estão 30 graus, na boa.
As praias não chegam aos calcanhares das do nosso Algarve (excepção feita à temperatura e calmaria da água), mas existem os Beach Clubs, com alto som (parece que estamos numa disco), piscina, em cima da praia, permitindo dar um mergulhinho ora na piscina, ora no mar. Tudo caríssimo, claro.

Agora vamos ali dar um pulinho a Ronda (pequena cidade a 50 km de Marbella que nos recomendaram visitar) e depois Algarve!




Ser profissional do sexo em Marbella

... deve ser uma profissão rentável.
Ora vejam:
Pediram-me 7,90€ por dois cafés numa esplanada em Porto Banus.
Pediram-me 10,35€ por uma garrafa de água de um litro no Nikky Beach.
Imagino portanto quanto não custa um b... coiso.

Repport primeiro dia de férias

Primeiro dia de férias. Marbella, Málaga, Espanha .
Depois da longa viagem chegámos ao hotel, arrumámos as malas e fomos à piscina. Hotel porreiro. Calorzinho. 
Saímos para jantar em Puerto Banus. Durante duas horas só vi iates e carros do outro mundo. E lojas de perder a cabeça. E carros. E iates. E iates e carros. Paguei 14,70€ por duas horas de estacionamento. E era um parque normal, em que ninguém nos estacionou o carro , tivemos que subir dois pisos de escadas e ninguém nos ofereceu champanhe ou lagosta. Nem sequer amendoins ou um copito de água. 
Estou deprimida. Nem que viva dez vidas vou alguma vez chegar ao nível desta gente. 
Já disse que estou deprimida?

Cantinho da Leitura

Há livros que nos arrebatam. Este é um deles, acabadinho de ler. Porque há mesmo pessoas que estão destinadas a entrar na mesma história.

E essa velha sou eu...

Estava eu à porta do escritorio a falar ao telemovel quando me apercebo de um grupo de adolescentes (3 ou 4 miudos dos seus 15 anos) que estavam sentados numas escadas a uns metros de mim.
De costas para eles, e apesar de estar ao telefone, ouço um deles dizer "Ena que gaja tão boa". E uns cochichos e risos.
Continuo a minha conversa telefónica e quando acabo dou meia volta e inicio o caminho para entrar no escritorio. Fico portanto de frente para eles e mais perto. E ouço "Foda-se, é uma velha..."
Escangalhei-me a rir!

As palavras que nunca mais te direi e que fazem um nó na garganta

Hoje farias anos. A esta hora estariamos contigo, a comemorar mais um aniversario.
Mas não estamos, porque a tua hora chegou entretanto. Partiste há pouco menos de 5 meses mas a tua presença nas nossas vidas era tão forte e intensa que tenho a sensação que ja partiste há muito mais. Eras o centro da nossa família, o elemento aglutinador que nos mantinha todos unidos à tua volta, o pilar de todos nós. Talvez por isso a sensação de perda seja ainda maior... deixaste um vazio tão grande que acho que nunca poderias imaginar. Nem nós. ..
Ontem deitei-me a pensar em ti. Hoje acordei a pensar em ti e vieste-me à cabeça várias vezes, durante todo o dia. Recordei a tua cara, o teu cheiro, a tua voz. Cantei-te os parabéns e beijei-te a face. Vi o teu sorriso e creio até que senti a tua mão, sapuda e pesada, a fazer-me festinhas, as tuas tão características festinhas.
Parabéns avó,  eram as palavras que gostava de te dizer hoje. Infelizmente não posso....
Recebe o meu beijo e o meu abraço apertado, estejas onde estiveres Avozinha. Tenho tantas saudades tuas....

Vítima ou Testemunha?

-"Gonçalo, lavaste os dentes?" - pergunto eu
-" Sim, lavei" - responde ele
- "De certeza?" - insisto
- "Sim mãe"- intervem o Martim - "lavou, lavou, eu sou vítima..."
Testemunha, queria ele dizer...

Os tão temidos 40...

Hoje faço 40 anos de vida. Os tão temidos 40...
Dizem (os que ainda estão longe deles é os que os já passaram há muito) que é uma idade maravilhosa, que agora é que tudo começa, blá blá blá... Uma treta. Provavelmente atingi metade (ou mais) da minha vida e tenho a sensação que me falta fazer o triplo (ou mais) do que queria fazer nesta passagem. 
A sensação de que podia ter seguido caminhos diferentes assume maiores proporções, talvez porque o tempo para os seguir já era... 

Dizem (os acima referidos e os que querem ser simpáticos) que a idade pouco importa, que os 40 de agora são os 30 de outros tempos (pois pois), que para 40 anos e para quem tem dois filhos estou lindamente (se tivesse 35 e nenhum filho estava um caco, uma vaca em carcaça, portanto). Balelas! 
Tenho 40, a gravidade já faz os seus estragos, já tenho perturbações do sono, as rugas já começam a ser vincadas, o músculo do adeus já emigrou para outras paragens, tenho cabelos brancos com fartura e, miséria das misérias, tenho já pêlos púbicos alvos. E isto, meus caros, é incontornável! Pêlos púbicos brancos é o princípio do fim, digam vocês o que disserem! Porra, não estou preparada para isto...

Mas a verdade é que, preparada ou não, conformada ou não, estes 40 já ninguém mos tira. 
Sou oficialmente uma quarentinha.

Mas também há boas notícias: hoje começa o verão! Bem-vindo verão. E parabéns a mim! 

Férias. Ou coiso.

Na próxima semana começa mais uma Copa do Guadiana (torneio de futebol infantil) em Vila Real de Santo António, Algarve. Este ano, para além do Goncalo, também o Martim vai participar. E nós lá vamos para baixo, pais querido que somos.
Porreiro. Parece que são férias, ainda por cima sem miúdos (que vão ficar com as equipas). Parece. Estava a ver o programa das festas e conclui que nos dois primeiros dias de torneio (únicos dias com jogos já definidos, já que os calendários da segunda fase dependem da classificação na primeira fase), tenho 3 jogos por dia para assistir. Ou seja, entre os dois filhos, na terça feira há jogatana às 11h00, 16h30 e 19h00 e na quarta feira às 10h30, 16h00 e 18h30.
Isto sim são férias! A ver se me lembro de não levar bikini nem toalha de praia, assim com'assim só vou vê-la ao longe...

Para o que me havia de dar...

O meu filho Martim descobriu a ópera. Anda pela casa a cantarolar a La donna e mobile e o Sole Mio, com um ar compenetradissimo.
Hoje resolvi dar-lhe a conhecer o Pavarotti,  o Andrea Bocceli e o Plácido Domingo. Dei com este Ave Maria, uma musica que me arrepia da cabeça aos pés, desde sempre.
Foi com esta música que entrei na igreja, no dia em que me casei. Um presente da minha amiga Sara, que nunca esquecerei.Sempre que a ouço recordo esse dia.
Hoje descobri que esta música me leva a memória também para a minha Avozinha. Lágrimas pelos olhos fora. Nó no peito. Tenho saudades tuas avó. Estejas onde estiveres recebe o meu abraço apertado.


Boa pergunta. Boa resposta.




Ó Colega, vá - se coiso, com F.

Ele há dias em que faço um esforço enorme, quase sobrenatural, para não mandar alguns Ilustres Colegas à merda. E quem diz à merda diz para a pata que os pôs. Ou para a puta que os pariu. Ou para o acto de fazerem sexo com eles proprios, que é como quem diz .... acho que já me fiz entender.
Hoje foi um dos dias.

E é isto.

Parabéns Martim

Faz hoje 8 anos nasceste, logo cheio de energia e com sangue na guelra. Eras um bebé lindo de morrer, eras mesmo.
Volvidos estes anos continuas um menino lindo, meigo, esperto e maravilhoso. Um menino que cativa todas as pessoas que contigo se cruzam. O orgulho da mãe.

Hoje, pela primeira vez, estive muito triste no dia do teu aniversario mas tentei que tivesses o teu dia, como mereces. Acho que consegui, a custo, mas consegui. Porque a vida é mesmo assim, mesmo em dias de grande tristeza, em que só  nos apetece chorar, temos que proporcionar a felicidade àqueles que amamos. E a ti, meu amor, amo-te tudo.

Parabens cromo 57.

Avózinha

Querida Avó,

Hoje partiste. Foste em paz, disse o médico. E eu acredito. Quero acreditar que depois destes dias de sofrimento o teu Deus te levou para junto dele, tranquilamente, com serenidade, como mereces. E eu tenho vindo a pedir ao teu Deus, nestes dias, que assim o fizesse. Se calhar ele ouviu as minhas preces, se calhar o teu Deus, no qual com o tempo e com a vida deixei de acreditar – para teu grande desgosto, bem sei –, existe mesmo e olhou por ti, para que parasses de sofrer.

Sabes avó, custa-me muito ver-te partir, saber que não mais te vou ver nem abraçar. Mas custava-me mais, acho, ver-te como tens estado, por isso creio que apesar da tristeza imensa estou mais aliviada. E tu também. Principalmente tu minha avozinha querida.
Nestes dias tenho visto passar à minha frente estes quase quarenta anos, dos quais sempre fizeste parte, em todos os momentos e fases.

Lembro-me da infância, em que me levavas contigo para o trabalho, lá íamos nós no 26, eu toda contente com a minha avó, tu toda contente com a tua neta. Costuravas cuecas para os meus bonecos, exibias-me com orgulho às tuas colegas, lembras-te avó?
Lembro-me do teu arroz doce, o melhor que alguma vez comi e que que comerei em toda a vida, não tenho dúvida. Lembro-me do teu cozido à portuguesa, dos sábados de carapaus assados no fogareiro da varanda, das pataniscas de bacalhau.

Lembro-me do teu fato de banho azul. De teres caído à beira mar com água pelos tornozelos e de nos escangalharmos a rir. Na praia do Carvoeiro. Lembro-me como se fosse ontem.
Lembro-me de ter ficado em tua casa durante 10 dias, quando estava a estudar para entrar na Católica. Levavas-me leite quente antes de ir dormir, que não podia estar a estudar de barriga vazia, e levavas-me o pequeno almoço de manhã…

Lembro-me de durante anos ir a tua casa pelo menos uma vez por semana e ficar a falar contigo horas. Tínhamos ideias e ideais tão diferentes! Mas ouvias-me  e eu a ti. Nunca chegávamos a grande conclusão mas passávamos bons momentos juntas.
Lembro-me de tanta coisa avó, tanta coisa. Foste uma mulher e peras. Sempre aqui para mim, para todos nós. Com o teu feitiozinho soviético, é verdade – o teu filho, meu pai, saiu a ti e eu saí ao teu filho – mas sempre a viver pelos outros, pelo bem estar dos outros. Às vezes até demais.

E agora que partiste avó, apesar de muito triste – que estou – não posso deixar de me sentir uma privilegiada por te ter tido como minha avó e por ter tido comigo durante quase quarenta anos. Não posso deixar de me sentir grata por tudo o que foste para mim, para tudo o que representaste na nossa família, por tudo o que foste. Tiveste dois filhos maravilhosos, que te amam tanto quanto os amaste. Dois filhos que estiveram sempre contigo, de corpo, alma e coração. O meu pai e a minha tia quase mãe. Deves ter um orgulho imenso, eu sei que tens e não é para menos, fizeste um bom trabalho.

E sabes avó, é isso que me enche o coração, saber que sempre foste amada e sempre nos amaste, que sempre tiveste orgulho em nós e sempre nos orgulhaste, que farás sempre parte das nossas vidas porque estarás sempre sempre sempre no nosso coração.
Gosto de pensar que a vida tem o seu tempo, que tudo tem um princípio e um fim e que o fim não é necessariamente mau, é o que tem que ser. E tento aceitar isso. Com a certeza de que continuarás a olhar por mim. Com a promessa de que tudo farei para te continuares a orgulhar de mim e nunca te desiludir.

Minha avozinha querida. Segue em paz, quem sabe um dia nos voltamos a encontrar. Amo-te muito. Amo-te sempre.

Ora se dois mais dois são quatro...

Dizem que más  energias atraem más energias. Que os malucos  reconhecem outros malucos. Que instabilidade puxa instabilidade. E eu acredito que assim é.

Sucede, porém,  que tenho uma forte propensão para me deparar com pessoas toxicas e que transbordam problemas e energias negativas , gente pouco equilibrada  ou mesmo com uma enorme pancada, gente com uma total incapacidade de se pôr no lugar do outro, de ver o outro lado da moeda, de ceder em coisas perfeitamente irrisorias para as questões que estão  em causa mas que acabam por bloquear a resolução das mesmas.
E não  estou a exagerar, é mesmo assim, impressionantemente assim.

Ás vezes penso  que é castigo. Ou karma.
Outras vezes penso que é um sinal para mudar de vida e me dedicar a uma profissão que não  implique lidar com os problemas dos outros, de manhã  à noite (embora nesta  fase dk campeonato não vislumbre  como poderia fazer esta alteração  drástica  de rumo).
Mas o que me deixa verdadeiramente apreensiva e preocupada é  que dizem, e eu acredito, que os malucos reconhecem os outros  malucos e se dois mais dois são  quatro  e os malucos me escolhem sistematicamente para lhes aturar as maluquices...

Porque será?

A cria mais velha hoje estava completamente às aranhas com os constituintes das frases, designadamente com os grupos adverbiais e os grupos preposicionais. Chamou -me. Olhei para aquilo durante 20 minutos. Fiquei na mesma. Pesquisei na net. Parece que é  isto. Perceberam? Nem eu. O meu filho tem 10 anos...

Ah e tal as crianças não gostam da disciplina de Português, não estudam, não sabem nada, não se interessam...

Dois meses e tal depois...

Dois meses  e tal depois de cá ter vindo a ultima vez, eis que estou de volta.

Podia dizer-vos que estive sessenta e tal dias a fazer uma introspecção  profunda, no sentido de conhecer o meu eu interior, o de onde venho e o para onde quero ir. Mas não, não foi o caso. Embora não me tivesse feito mal que assim fosse, dado que em grande parte dos dias me sinto completamente perdida de mim e do que quero aqui andar a fazer e que o sitio para onde mais frequentemente me apetece ir é para o raio que m'a parta...

Podia dizer-vos que estive mais de dois meses a fazer um balanço do ano findo e a definir prioridades para o novo ano. Mas não,  não foi o caso. E ainda bem, que balançar balanço eu o ano todo e se tirar um periodo especificamente para o efeito ainda me esbardalho de vez... Além  disso, e considerando que todas as prioridades/ objectivos que defini para o ano 2014 ficaram por cumprir (ainda não checkei ao detalhe mas palpita-me que quando (se) o fizer chegarei a esta triste conclusão) fazer este balanço iria ter como consequência ir mesmo para o raio que m'a parta. Prioridades para o novo ano.... nao reputo necessário fazer mais comentários  além  de que tenho anos de prioridades em atraso, pelo que vou reciclar...acho.

Podia dizer-vos que estive basicamente assoberbada em trabalho  e mergulhada na rotina asfixiante em que é  a minha vida, todos os dias menos poucos (nuns desses poucos até  dei uma escapadinha a Roma, não à avenida de Lisboa mas à cidade de Itália). Não seria uma falta absoluta à verdade mas não foi isso que me arredou destas paragens.

Foi falta de paciencia, de motivação, de força anímica. Foi preguiça, inércia, não sei. ..

E as coisas que aconteceram durante a minha ausencia?!
Fui a Roma e amei.
A minha cria mais velha, que amo, fez uma década de existência.
O Sócrates foi de choldra. Lamentavelmente não  levou consigo (com ele, entenda-se) alguns comparsas do mundo em que se move (ou movia, que agora tem pouco espaço).
Passou-se mais um Natal, com prendinhas catitas (não posso aqui descrever os meus presentes não vá  algum ressabiado da blogosfera vir acusar -me de ser futil e egoista, com tanta gente a passar fome - o que bem sei ser verdade e muito lamento embora não me pareça que a solução para os problemas do mundo passem por eu não receber ou oferecer prendinhas de Natal ou viver como uma indigente), com episódios familiares de noite de Natal que foram desde um conselho de familia na noite de consoada (em que o arguido era a cria mais nova e o advogado de defesa - brilhante, diga-se - era a cria mais velha) até uma peça de teatro escrita, encenada, coroagrafada, adereçada e representada pelas duas crias, que fizeram tudo sozinhos (tenho uma cria mais nova que é um actor nato, desde que nasceu aliás...), um brilharete.
Deu-se uma passagem de ano, a minha ultima antes de entrar nos "enta". Porra. Que é  para não dizer foda-se, que é  feio e fica mal.
E iniciou-se um ano que promete pois logo no primeiro dia de trabalho estou com uma carraspana daquelas, os senhores do gás vieram trocar o contador e fiquei sem caldeira (ou seja, sem água quente e aquecimento, o que nestes dias fresquinhos não é, diga-se em abono da verdade, grande transtorno), sendo  que felizmente consegui resolver o problema sozinha pois a assistencia tecnica vinha mas não veio), voltou a sair água em barda da cabine de duche (puta que pariu a merda da cabine que qualquer dia passo-me da marmita e parto-a em pedaços e depois ponho os bocadinhos todos a boiar) e a sanita entupiu.

Estou, portanto, de volta, para vos desejar um Feliz Ano Novo.

Queres dar cabo da relação com o teu filho em dois passos? Ajuda-o nos trabalhos de casa e estuda com ele.

A cria mais velha  inicia amanhã  os testes. Os primeiros do quinto ano. E tão diferente que é o quinto ano, por comparação  ao primeiro  ciclo! Trabalhos de casa todos os dias, a todas as disciplinas,  mesmo na véspera dos  testes (um exagero, até ), matéria  que já exige uma certa concentração, memorização e organização,  conceitos  que a minha cria desconhece por completo.
A falta de método de estudo e a ligeireza com que o meu filho trata a coisa tiram-me do sério. Distrai-se com tudo, vai buscar coisas e conversas que além de não terem nada a ver com o que está  (supostamente ) a estudar não  têm relevância  absolutamente  nenhuma, bufa à razao de 100 vezes por minuto, pousa  o lápis cada vez que escreve uma palavra, enfim, um suplício.
Enquanto isso, eu lá  vou hiperventilando para não  me passar e desatar aos gritos e começar a espancá-lo, que é  o que, a espaços,  me dá ganas de fazer.
Estudar com os filhos é  a forma mais rápida  e eficaz de dar cabo da boa relação que temos  com eles, é tão abrasivo e perturbador  que devia ser proibido por lei.

Sábado

Depois de uma semana de trabalho intenso e esgotante, como todas, aliás, eis que chega finalmente o sábado.
Sábado, o primeiro dia do fim de semana,  o dia em que podes dormir até  mais tarde e não  tens horas para nada.
Certo?
Errado.
Sábado, o primeiro dia do fim de semana, o dia em que te levantas à  mesma hora que durante a semana (se não  for mais  cedo) porque os teus  ricos filhos têm  actividades desportivas (vulgo, jogos de futebol) a horas em que até as galinhas dormem.
Quer dizer,  as galinhas sem filhos dormem. As outras, as galinhas mães, não  têm  outra alternativa que não a de levantar o bico da cama de madrugada para levar os pintos. É  o meu caso. E estou capaz  de dar uma bicada a alguém.

Zé Maria, faz-te um homem

Eras para nascer daqui a 8 semanas mas estavas com pressa e nasceste ontem.
É  verdade que não  te queríamos cá  tão  cedo mas fica sabendo que és muito benvindo e que estamos todos aqui a torcer por ti, para que enchas as peles e cresças cá fora o que não conseguiste crescer na barriga da tua mãe.
Ouvi dizer que és um refilão, deves sair à  tua mãe,  que sempre foi uma rabitesa. Pequenota mas rabitesa, tal  como tu...
Sabes Zé  Maria, a tua mãe  é  a prima do meu coração,  a prima de que gosto mais (até  porque não tenho outra), a prima com quem vivi muitas coisas, de quem a vida me afastou no dia-a-dia, por nada de especial, simplesmente porque temos vidas diferentes e fomos seguindo caminhos que não  se cruzam no quotidiano. Mas esse afastamento tem sido só  fisico porque a tua mãe  continua a ser a minha prima do coração e eu do coração dela e isso sempre se manteve e manterá.
Isto para te dizer que quero muito que a tua mãe seja feliz, porque ela merece, e essa felicidade passa agora por ti Zé Maria. Por isso, meu pequeno herói, faz-me um favor e cresce e faz-te um menino forte e saudável.
Não  te posso ver mas estás sempre no meu pensamento. Força  aí  miúdo!

Raios partam a fada!

Hoje, finalmente,  caiu o primeiro dente ao Martim.
O rapaz andava  numa ansiedade, porque os amigos, todos mais novos, já  estão  desdentados há muito e até já têm  dentes definitivos e ele, quase com 8 anos, nada.
Com um dente a abanar desde o verão,  a ansiedade foi aumentando. E as conversas sobre a Fada dos Dentes também.
E como ele acredita na Fada dos Dentes senhores!
A expectativa  tem sido tal que eu, que sou tão  sensivel como um calhau da montanha, não tive coragem de desmistificar a coisa embora tenha sido obrigada, por motivos óbvios, a fazer algumas manobras para o convencer que  Fada dos Dentes só traz  pequenas lembranças (e não  telemóveis  Samsung, I Phones ou Tablets, que foram algumas das opções de pedidos em que a cria estava a ponderar dirigir à  sodona fada), não consegue coisas muito  difíceis  (do género equipamentos completos do Rui Patrício em tamanho 7 anos e de preferencia assinados pelo próprio, que foi outra das ideias que estavam a ser equacionadas ) e nem sempre consegue vir na noite do dia em que o dente cai, pois é  muito atarefada e há muitos  pedidos para atender por isso normalmente  demora 3 a 4 dias, no máximo, embora se o desejo for fácil  de concretizar pode conseguir vir na noite seguinte (chantagem barata, portanto).

E esta, meus caros, foi a parte mais dificil de o convencer, pois se a Fada voa porque é que demora muitos dias? Porque o mundo é  muito grande e há meninos a ficar desdentados pelo mundo inteiro... Mas a Fada não  tem empregados? Não filho, no mundo das Fadas não há  empregados nem patrões e a Fada dos Dentes trabalha sozinha... Ainda tentei passar a mensagem de que achava que a Fada só trazia guloseimas (e ficava resolvido o problema do timming ) mas o Martim foi peremptório. Isso são tretas, se as guloseimas fazem tão mal aos dentes achas que a Fada ia trazer doces aos meninos, que estupidez! Pois...

Hoje à tarde, finalmente, o dente  caiu. Não cabia em si de contentamento  e excitação, o meu Martim, mesmo com a boca cheia de sangue.
E quando se foi deitar, estava em pulgas. E se eu acordar quando a Fada chegar? Não acordas nada, ela tem muita experiência e os meninos nunca acordam. Mas e se eu acordar? Não acordas filho, acho que a Fada deita uns pozinhos quando chega para os meninos durmirem profundamente (felizmente não entrámos  aqui em grandes questões senão nem sei o que me viria à  cabeça). Ai estou tão  nervoso, será  que ela vem hoje? Acho que hoje não filho, sabes, a Fada dos Dentes, e as fadas em geral,  não trabalham ao domingo, estão de folga...De folga? Mas as Fadas também  têm  folgas?! Claro, filho, também têm  que descansar...

E além do mais é  domingo e eu não vou agora  para o shopping de chapéu  na cabeça  e varinha na mão, topas? E além disso tenho que perceber qual o desejo, dos 376 candidatos que chegaram à  fase final , que ganhou a honra de desejo de primeiro dente. Com mil varinhas!

E mais não posso aqui dizer. Mas apetecia-me, ai apetecia-me tanto...


Conselhos práticos para evitar mal-entendidos:

1- O ADVOGADO dorme.
Parece mentira, mas o ADVOGADO também precisa de dormir como qualquer pessoa. Não o acorde sem necessidade! Esqueça que ele tem telefone em casa, ligue só para o escritório.

2- O ADVOGADO come.
Parece inacreditável, mas é verdade, o ADVOGADO também precisa de se alimentar, e há horas para isso.

3- O ADVOGADO pode ter família.
Essa é a mais incrível de todas: Mesmo sendo um ADVOGADO, enquanto pessoa, precisa de descansar ao fim de semana para poder dar atenção à família, aos amigos e a si próprio, sem pensar ou falar sobre processos, audiências, etc.

4- O ADVOGADO precisa de dinheiro.
Por essa não esperava, não é? É surpreendente, mas o ADVOGADO também paga impostos, paga a casa, compra comida, precisa de combustível, roupas, sapatos, remédios, etc.
Pode parecer mentira, mas os livros para actualização profissional, as cotas para a Ordem dos Advogados, os descontos da Segurança Social (CPAS), os cursos de formação contínua, as despesas correntes do escritório e a administração de tudo isto não se pagam com dinheiro que cai do céu. Impressionante, não é? Entendeu agora o motivo porque deve pagar a consulta?

5- Ler, estudar e pesquisar é trabalho.
É trabalho sério. Não se ria que não é piada. E os cinco anos de universidade e mais dois de estágio, foram de borla?

6- Não é possível examinar processos pelo telefone.É preciso comentar?

7- O ADVOGADO não é vidente.
O advogado não se licenciou em Ciências Ocultas, não joga tarôt e nem tem uma bola de cristal. Ele precisa de examinar os documentos que você deixou em casa, assim como consultar o processo para amadurecer ideias e poder superar as expectativas. Se quer um milagre, tente Fátima, bruxos ou macumba e deixe o ADVOGADO em paz.

8- Em reuniões de amigos ou festas de família.
O ADVOGADO deixa de ser ADVOGADO e reassume o seu lugar de amigo ou parente, exactamente como era antes de acabar o curso.
Não lhe peça conselhos sobre como recuperar dinheiro emprestado, intentar uma acção de alimentos, uma acção de despejo de “inquilino” em mora, intuir sobre resultados de um processo. Pior ainda, não lhe peça dicas sobre acções a tomar, após expor-lhe os factos, o lugar é impróprio, não acha?

9- Já tem ADVOGADO?
Então não pergunte ao seu amigo/parente como proceder. O direito não se exerce da mesma forma que se muda um pneu a um carro, cada ADVOGADO tem a sua marca própria de exercício da profissão. Para além de denotar uma falta de educação da sua parte, o mais grave é mesmo a falta de confiança no seu amigo ADVOGADO.

10- O seu ADVOGADO não escreve um papel qualquer.
Qualquer requerimento ou outra peça processual é uma defesa dos seus interesses e tem de ser pensado, estudado, analisado e, é claro, cobrado.
Esses tópicos podem parecer inconcebíveis a uma boa parte da população, mas servem para lhe tornar a vida mais suportável.

11- Quanto ao uso do telemóvel.
O telemóvel é uma ferramenta de trabalho. Por favor, ligue-lhe apenas se for necessário. Fora do horário de expediente, por muito que duvide, o ADVOGADO pode estar a fazer alguma coisa que todos fazem, como dormir, dar explicações aos filhos, namorar, etc.

12- Nas situações descritas, o ADVOGADO pode atender?
Sim, pode atender desde que seja pago para isso. É desnecessário dizer que nesses casos o atendimento tem um custo adicional, como em qualquer outro tipo de prestação de serviços fora do horário normal. Por favor, não pechinche e fazer cara de semana santa na hora de assinar o cheque não diminui o que tem de pagar.

13- Antes da consulta:
Por favor, marque uma hora. Se não o tiver feito, não ande de um lado para o outro na sala de espera e nem pressione a secretária. Ela não tem culpa da sua ignorância. Ah! E não espere que o ADVOGADO o receba no horário de quem já estava marcado só porque vocês são amigos ou parentes. Só apareça sem marcação se for um caso de urgência e se for fora do horário normal de trabalho. Nestes casos o custo da consulta também será fora do normal, ok?

14- Repetir a mesma pergunta vezes sem conta não vai fazer o ADVOGADO mudar a resposta.
Por favor, repita no máximo três que é para não chatear muito.

15- Quando se diz que o horário de atendimento de manhã é até às 12H00, não significa que pode chegar às 11H55.
Se assim proceder, venha preparado para lhe pagar o almoço ou apareça depois deste. O mesmo vale para a parte da tarde: vá no dia seguinte.

16- Na consulta, basta que esteja presente o cliente e deve responder somente às perguntas feitas pelo ADVOGADO.
Por favor, deixe em casa o cunhado, os amigos do cunhado, os vizinhos com seus respectivos filhos. Não bombardeie o ADVOGADO com milhares de perguntas durante a consulta, pois isso desconcentra-o, além de lhe esvaecer a paciência.

17- Muita ATENÇÃO: Evite perguntas que não tenham relação com o processo.
Infelizmente para si, a cada consulta, o ADVOGADO poderá examinar apenas um único caso. Lamentamos informar, mas o outro problema/caso terá que passar por nova consulta, que também deverá ser paga. Dois em um são técnicas de Marketing não de Direito.

18- O ADVOGADO não deixará de cobrar os honorários só porque você já gastou demais no processo.
Os ADVOGADOS não foram os criadores do ditado "O barato sai caro"!!!!. Não foi ele que o procurou, você é que tem um problema que ele sabe resolver.

19- E, finalmente, ADVOGADO também é filho de DEUS e não filho daquilo que você pensa...

Alerta à protecção civil

Lá  fora a chuva cai. A potes. O meu dia de amanhã,  que já  de si se perspectivava um caos, vai ser um dia de alerta laranja. Que merda!
Era só  isto.

Isto normaliza, não se sabe é se antes de eu ser avó.

A redistribuição de processos no citius está a correr a todo o vapor.
Hoje, dia 01 de Outubro, de 238 processos que tenho no citius, 2 já foram redistribuidos aos novos tribunais, 3 são processos novos (e portanto já estão nos novos tribunais) e os restantes 233 estão em tribunais extintos, que é como quem diz, não estão em condições de ser tramitados (devem estar num molho no estacionamento de um qualquer tribunal).
Estão portanto reunidas todas as condições para trabalhar, um mês depois da implementação da reforma do mapa judiciario.
Nada de caos. Transtorno de nada. Puta que os pariu.

Auuuuuuuuuuuu

30 dias depois da implementação do novo mapa judiciário continua  o caos, peço  perdão, o transtorno.
E 30 dias depois do início do caos, peço  perdão,  do transtorno, foi hoje veiculada a noticia de que o ministério da justiça está  a preparar, repito,  a preparar, legislação para suspender os prazos judiciais até  à  normalização do citius.
30 dias depois parece-me de grande responsabilidade  e competência.
E bem vistas  as coisas, considerando  que a normalização do citius ainda é  capaz de estar demorada, ainda se vai muito a tempo. Até  porque o caos,  peço  desculpa, o transtorno não  inviabiliza o funcionamento  dos contentores,  peço  desculpa, dos tribunais.

Ai Paula Paula, só  me apetece é  ganir. Ganir e dar-te na tromba, peço  desculpa, na cara.

Meu querido mês de Agosto.

Em Agosto estava de férias. É bem verdade que não foi um Verão à seria mas não era apanhada em diluvios com sandálias e calças brancas.
Em Agosto as crias não tinham escola, não havia mochilas, nem TPC's, nem educação visual à terça e ginastica à quarta, sapatilhas e lanches e livro A, caderno B, material Y para verificar se estava na mochila.
Em Agosto não havia treinos de futebol à terça,  à quarta e a quinta para uma cria e à quarta a outra hora para a outra cria, que tambem não tinha, em Agosto, natação à quinta.
Em Agosto havia citius, simples, assim, citius.  Não se falava de citius 1, citius 2, citius zero, citius bom e citius mau, seja lá o que isso for. Havia o citius, simplesmente. E funcionava o malandro!
Em Agosto tive tempo para arranjar as unhas, das mãos e dos pés, vejam só o abuso, consegui não pensar,  cada vez que me via ao espelho, que a imagem reflectida era o meu pai,  sim que aquele bigodinho não engana ninguem.

Em Agosto fui tão feliz. Tempos que já lá vão...

Foi assim...

Faz hoje 13 anos...

Faz hoje 13 anos que nos casámos,  que jurámos amor, respeito e fidelidade,  na alegria e na tristeza, na saúde e na doença,  em todos os dias da nossa vida, até que  morte nos separe.
Faz hoje 13 anos que vivi um dos dias mais felizes da minha vida, um dia em que me diverti à grande.

Guardo na memória, com a sensação de que foi ontem, alguns episódios desse dia, episódios cuja lembrança ainda me faz sorrir.
A linda e profunda frase que o meu pai te disse quando te passou o testemunho (eu) no altar - "Agora estraga-a" é maravilhoso!
O padre a cantar o que parecia ser uma opereta e eu quase a escangalhar-me a rir (está documentado).
A constatação de que os bonecos do bolo eram 10 vezes maiores do que os que tinhamos escolhido (e eram, além disso, um pavor de feios).
E, cereja no topo do bolo, a cara do portageiro quando me viu vestida de noiva, às duas da manhã,  a guiar o carro e sozinha dentro dele. Ele bem espreitava, para ver se estava lá mais alguém mas não, não estava, que tu tinhas ido a guiar o carro da noiva (que era suposto ser levado pela tua mãe) porque a tua mãe não estava à vontade com o carro, que era de mudanças automáticas. Nem nos ocorreu que podiamos ir os dois nesse carro e que a tua mãe pudesse levar o carro em que era suposto nós seguirmos e arranjámos esta brilhante solução: eu fui num carro, sozinha e tu foste com a tua mãe,  noutro carro. Encontrámos-nos à porta de casa dela e então seguimos os dois. Acho, sem querer levantar falsos testemunhos, que estávamos os três com os copos.

Ao longo destes 13 anos amei-te, uns dias mais outros menos, outros com a sensação de que quase nada. Confesso que alturas houve (e certamente haverá mais) em que desejei que fosses trabalhar para o Dubai ou para o Brasil, para me desamparares a loja. Mas mesmo nessas alturas sempre te amei, como vês nunca desejei que fosses para a Sibéria ou para a África profunda. Escusas de me ficar grato.
Ao longo destes 13 anos sempre te respeitei, mesmo quando discutimos aos gritos e com insultos mútuos.  Sim, que nós é de faca e alguidar e à frente de quem for, quem assiste até pensa que a coisa é mais séria do que realmente é. Se calhar somos desequilibrados.  Acho que somos. Os dois. Só um bocadinho.
Ao longo destes 13 anos sempre te fui fiel. Se não tivesse sido também não to ia confessar agora mas para que conste, tenho sido. Mas não durmas na formatura, que isto na vida nada é garantido.

13 anos depois de casarmos, 20 anos depois de nos embrulharmos, cá estamos, felizes e contentes. Diferentes como da noite para o dia (eu do Benfica, tu do Sporting, eu amante de rock, tu de música do aperta-o-papo - a prova provada de que o Rui Veloso, no seu Anel de Rubi, falta à verdade -, eu apreciadora de filmes romanticos, tu de filmes de acção, eu aficionada em livros, tu o mais que lês é o jornal desportivo), mas compatíveis em tudo o que importa, companheiros, amigos, amantes, unidos na alegria e na tristeza, na saúde e na doença,  até que a morte nos separe. De preferência a tua, que se eu morrer primeiro vou-te fazer muita falta e não quero ver-te sofrer amori mio.

Obrigada por estes 13 anos. Obrigada pelos filhos maravilhosos que me deste. Obrigada por me aturares nas alturas em que sou insuportável. Obrigada por me apoiares sempre, por amares os meus, por estares sempre lá.
Sei que não to digo com a frequência que o mereces,  mas Amo-te.