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Já está!

Segunda feira acabou e eu consegui fazer tudo o que tinha para fazer. Tudinho. Mas a abrir, o dia todo e pelo serão fora....
A ida dos miúdos ao futebol, com o Pai, ajudou a terminar o dia a horas mais ou menos decentes e pouco antes de eles regressarem dei as hostilidades por terminadas.
Estou derreada mas tenho um estimulo para não me dar um fanico: amanhã há mais! Yupi...

Meu rico menino, tão espertinho!

A missão "Apoio ao Estudo" foi concluída com sucesso. Estudámos língua portuguesa, com forte incidência na gramática. Estudámos estudo do meio, ele foi distritos, ele foi arquipélagos e suas ilhas, ele foi sistema digestivo, ele foi sistema circulatório.
E minha gente, o que eu já aprendi (sim, que não pensava nas coisas há tanto tempo que nem posso dizer que relembrei) neste ano lectivo! Já sei o que é uma cáfila e um souto ( epa pronto, se calhar é básico mas eu não sabia), já sei pôr as ilhas dos Açores nos grupos certos (confesso que também não sabia todas, muito menos na ponta da língua), já domino os órgãos do sistema digestivo e todo o processo (desde o bolo alimentar, à formação do quimo e do quilo, tudo tudo que é uma maravilha), estou tu-cá-tu-lá com o sistema circulatório.
Estou banzada, com o que o meu filho já sabe, meu rico menino que é tão inteligente, tal e qual a mãezinha!

E ao final do dia ri-me a bom rir com este dialogo/monólogo que passo a transcrever:
Eu - Gonçalo, vai tomar banho.
Gonçalo - Espera aí, vou à casa de banho.
E foi. Sentou-se na sanita e, falando sozinho, disse em voz alta:
" Agora vou deitar fora o que o meu corpo não digeriu, o que não presta. Vou fazer as minhas fezes, que estavam aqui guardadinhas no recto e agora vão sair pelo ânus, que é como se chama o cu..."
Pausa.
"Claro que o corpo não precisa de vocês fezes, vocês cheiram tão mal que o corpo vê logo que não são nutrientes e não podem passar para o sangue.... Ficava um sangue mal cheiroso que era um pivete.... E se deitássemos depois esse sangue pelo nariz ou fizéssemos uma ferida e deitássemos sangue ninguém nos vinha ajudar, porque desmaiava com o cheiro....Fezes porcalhonas...."
Simples!

A parte das compras já está....

Acabámos de sair do Freeport e fizemos umas compras valentes para os miúdos: já estão aviados de casacos e ténis para a estação. Eles aviados e nós muito mais leves...
Agora, almoço em restaurante típico e simpático em Alcochete para depois recolhermos a casa e ao estudo. Que bom!

mags

Há dias em que tem que ser....

No final de um dia como o de hoje, depois de uma semana como foi esta que passou, na iminência de um domingo terrivel e de um inicio de semana de fugir, acho que tenho o legitimo direito (creio que até o dever) de comer uma deliciosa fatia de pão de Mafra mal cozido repleto de doce de tomate caseiro, a escorrer pela côdea.
E é o que vou fazer já de seguida. E depois vou dormir de barriguinha cheia, que é um consolo.
Até já estou a salivar....

Viva o descanso

Depois de uma semana de doidos, cheia de compromissos profissionais e de trabalho ( sendo que entre tantos compromissos profissionais sobra pouco tempo para efectivamente trabalhar, se é que me percebem), com peripécias de Associação de Pais pelo meio, eis que chega finalmente o sábado. Sábado em que aproveitei para, vejam só este programa fabuloso, trabalhar o dia todo. O dia todo, das 09h45 às 19h. Com uma pausa de 01h30 para almoçar, confesso a minha culpa...

E até ao final do dia de segunda feira ainda tenho que fazer uma acta de assembleia geral, uma contestação das boas e uma nota de culpa no âmbito de um processo disciplinar de um rapaz apanhado do clima.
E pelo meio, amanha, tenho que estudar estudo do meio com o Gonçalo (obrigatoriamente sistema digestivo e circulatório e, se possível, distritos, concelhos, freguesias e arquipélagos, com uma passagem pelos símbolos da bandeira ) e dar uma vista de olhos na gramática de língua portuguesa ( linguagem verbal e não verbal, nomes colectivos, mensagem, emissor, receptor, contexto, onomatopeias).

E ainda devia levar o Martim uma festa de aniversario mas como é na Venda do Pinheiro acho que me vou fazer de esquecida e depois logo o aturo um bocadinho, quando ele se lembrar. Afinal também não é de um grande amigo e com esta semana de loucos até me esqueci de confirmar a presença...

Ah, e vou ao Freeport em família amanhã logo pela manha, para abastecer os armários das crianças, que precisam de botas, ténis e casacos, o que já anda para fazer há 2 semanas, sendo que desta não passa senão o homem atanaza-me o juízo, que eu nunca faço nada. EU! NUNCA FAÇO NADA!

O que vale é que como hoje muda a hora o dia amanha vai render que é um disparate. Estou, por isso, perfeitamente destressada, nem me apetece partir nada, nem gritar, nem nada. Só chorar. É adormecer e acordar só quarta feira que na quinta é feriado. Ou no Verão...em plenas Maldivas.


Vou só ali desmaiar um bocadinho e já volto

Acabei de saber que além dos dois treinos semanais e do jogo do campeonato distrital - jogo que acontece todos os sábados de manhã e de que aqui já falei -, a equipa do meu filho Gonçalo vai também participar numa liga qualquer, com jogos ao sábado à tarde, entre o próximo sábado e Maio de 2013...
Parece que ao contrario do campeonato (que é todas as semanas) os jogos desta liga são só duas vezes por mês , o que é cá um consolo que nem vos passa pela cabeça.. E ainda tenho que pagar a entrada, a €1,50 a estopada!

Vou, portanto, ter uns sábados que é uma maravilha... Estou cá numa animação que vou só ali desmaiar um bocadinho para acalmar o excitamento e já volto.....
Ou então fico desmaiada para todo o sempre, não vá acordar e ser abençoada com um torneio qualquer aos domingos!

Meus ricos filhos, a mãe não é doida embora às vezes ande lá perto

Não sei se foi porque hoje choveu, o que me põe sempre de telha.
Não sei se foi porque constatei que depois de amanhã a hora vai mudar e vamos passar a viver em horário de Inverno, o que me põe anda com uma telha maior...e mais duradoura.
Não sei se é porque tenho trabalho de uma semana para fazer num dia.
Não sei.
Só sei que hoje tive tolerância menos cinco para os meus filhos e berrei como se não houvesse amanha. Não que eles se tenham portado especialmente bem mas a verdade é que também não fizeram nada de assim tão grave e não se portaram assim tão mal....
Depois de os deitar, aos berros claro está (porque tiveram a infeliz ideia de, enquanto eu estava ao telefone e, portanto, sem lhes ligar nenhuma, porem a sala como se tivesse sido trespassada por um furacão), lá fiquei a matutar e a remoer e conclui que se ser mãe e pai das crianças de hoje não é fácil, ser filho das mães e dos pais de hoje também não é pêra doce.
E ser meu filho não deve ser de facto um osso fácil de roer, pois em menos de um quê lá começo eu aos berros. Palpita-me que este meu stress, acompanhado das gritarias muitas vezes completamente despropositadas e desproporcionais face à "infracção" causa nas crianças um stress que não lhes fará lá muito bem.... Será que eles acham que eu sou doida? Será que eles pensam que me está a dar uma coisita má? Será que ficam a remoer na coisa?
Não sei, mas sei que tenho que começar a mudar isto em mim, pois até a mim me irrito, até eu tenho dificuldade em me compreender quanto mais eles....

Amanhã logo pela manhã vou dar-lhes um beijo e um abraço especialmente enormes e iniciar uma terapia individual, solitária e intrinseca para moderar os efeitos externos das minhas neuras e do meu stress. Prometo. Nem que tenha que recorrer aos drunfos...
Desculpem filhos.

Bem me parecia....

Ouvi hoje num telejornal que o Gaspar é primo direito do Francisco Louçã, facto que se calhar já era do conhecimento publico mas que eu desconhecia. E, pensei, é verdade que ambos têm um registo vocal semelhante, monocórdico e chato como o caneco.
Se o resto da família seguir o padrão aquilo lá em casa no Natal deve ser cá uma animação.... ainda nem o bacalhau veio para a mesa e já está tudo a dormir.


Até as crianças se indignam

Esta semana o Gonçalo perguntou-me o que era isto dos impostos e do aumento da carga fiscal e porque é que toda a gente está tão chateada com isso.
Pensei durante uns segundos sobre a melhor forma de lhe explicar e acabei por dar-lhe a seguinte explicação:
Eu - "Então filho, as pessoas trabalham e ganham um ordenado mas pagam ao estado uma parte do que ganham, têm uma casa e pagam todos os anos um imposto por terem essa casa...e agora querem aumentar muito o valor desses impostos"
Ele - "Não percebo..."
Eu - "Vou dar-te um exemplo. Tu tens uma semanada de €5. Eu pago-te a semanada e tu tens que entregar €1,50 ao Estado, ao governo. Isso é um imposto."
Ele - "Mas isso não é justo, assim eu afinal não ganho €5, só ganho €3,5..."
Eu - "Exacto, é por isso que as pessoas protestam, porque agora querem que paguem impostos mais altos. Por exemplo, no caso da tua semanada agora irias pagar mais, talvez €2..."
Ele - " Granda lata, assim só fico com €3 de semanada...e isso não dá para nada"
Eu - "Pois...."

E poupei a explicação da sobretaxa e do aumento sobre as casinhas do Lego, senão no fim de semana não me safava a ir a uma manif de protesto...

E fico por aqui não vá o Gaspar ser um leitor assiduo do meu blog e retirar daqui ideias de começar a taxar as semanadas dos putos, aplicando aos pais uma espécie de retenção na fonte e impondo que os valores auferidos pelas criancinhas a titulo de semanada (ou como prenda dos avós) entre como rendimento do agregado...
Mas também, se for esse o caso, é mais uma má previsão do Gaspar, que a partir de Fevereiro ou Março acabam-se estas benesses infantis e, consequentemente, a receita fiscal.

Só uma mensagensinha

Senhor Ministro das Finanças, Sr. Primeiro Ministro, Exmos. membros do Governo, Senhores Deputados e políticos em geral,

Dirijo-me a V. Exas. para vos deixar uma mensagensinha singela mas sentida.

Mas antes da mensagem que vos quero deixar, não posso deixar de enquadrar V. Exas., o que desde já passo a fazer.

Sou uma contribuinte da classe media, aquela com que vossas Exas. pretendem, firmemente e sem contemplações, acabar.
Não nasci nem cresci em berço de ouro. Sou, pelo contrário e com muito orgulho, filha de pessoas humildes, que bastantes sacrifícios fizeram para que eu pudesse estudar e ter um curso superior, o primeiro na família chegada. E que me transmitiram muitos e bons valores, não sei se sabem do que falo, talvez não...

A minha mãe, cabeleireira de profissão, começou a trabalhar com 11 anos e faz descontos para a segurança social desde os 15. Tem 62. Reformou-se este ano mas com penalização pois tem menos de 65 anos e como é trabalhadora por conta própria não tem direito à reforma por invalidez, a não ser que, suponho, estivesse tetraplégica. Felizmente não está. Tem só uma serie de hérnias na cervical, os pés e mãos completamente deformados pelas artrites ou artroses, um tendão do ombro que com o esforço de uma vida de trabalho e do movimento decorrente do acto de secar cabelos se rompeu e deu azo a uma intervenção cirúrgica de reposição, com a inerente fisioterapia durante mais de um ano e uma recuperação a muito menos de 100%, e o tendão do outro ombro a ir pelo mesmo caminho.
O meu pai, empregado bancário, reformou-se também este ano, antes que o obrigassem a trabalhar até aos 70 anos. Aproveitou os anos de descontos em que esteve na tropa e o facto de os bancos ainda terem um regime paralelo.
Os meus pais moram na mesma casa há 36 anos, casa que pagaram com muito esforço. Têm um único carro, de marca Renault, pois como não são ministros nem deputados não podem fazer flores com dinheiro dos outros.

Eu, eu estudei numa universidade publica onde entrei com media de 18 valores. Terminei o curso com 14 valores de media. Durante o curso fui fazendo uns trabalhos para ganhar uns trocos e juntar dinheiro. Nas ferias de Verão, pelo menos um mês. Fora das ferias, sempre que aparecia alguma coisa.
Enquanto fiz estagio de advocacia trabalhei num banco à noite, a fazer atendimento telefónico, tudo para, imagine-se a estupidez, ter uma vida melhor. Depois trabalhei durante mais dois anos em dois locais em simultâneo, saía de casa às 8h da manha, quando terminava um trabalho ia para o outro, donde saia nunca antes das 23h, isto de segunda a sexta pois ao sábado dava-me ao luxo de trabalhar só num emprego, das 09h à 18h/19h, e aos domingos cometia a extravagancia de descansar ou trabalhar só umas horas em casa.
Comprei uma casa. Dei uma entrada com o dinheiro que fui juntando e mobilei toda a minha casa com dinheiro que eu ganhei.
Tive um filho e passados 15 dias comecei a trabalhar a tempo inteiro, no escritorio. Troquei de casa, para uma maior. Podia ter comprado uma ainda maior ou ainda melhor mas, ponderada que sou, não quis dar um passo maior que a perna.
Fui trabalhar para uma empresa, onde tive outro filho, aqui já com licença de maternidade. Mas trabalhei durante toda a licença, a partir de casa (diariamente) e na sede da empresa (uma vez por semana, com o meu filho dentro do ovo). Fi-lo porque quis, não porque alguém me tivesse obrigado ou coagido. Fi-lo porque sou responsável e porque tenho uma profissão em que os problemas e as questões têm timings para ser tratados. E porque acreditei, ingenuamente, que apenas a trabalhar arduamente podemos progredir. Afinal bastaria meter-me na política e andar a lamber o traseiro a algum influente.... Estamos sempre a aprender!
Tenho uma doença crónica e não só nunca pedi a isenção de taxas moderadoras a que tenho direito (por achar que as minhas condições económicas não justificavam tal isenção) como me submeti a um tratamento bastante complicado em tempos físicos e psicológicos sem faltar um único dia ao trabalho e sem "meter" a baixa que podia ter "metido" e que implicaria que a previdência social custeasse o meu salário durante mais de 5 meses. Burra!
Em 2009 resolvi voltar à vida de advogada de Escritorio, por conta própria, situação que mantenho até hoje. Comprei o meu primeiro carro novo ( até aqui apenas tive carros em segunda mão), um bom carro é verdade, mas meu, pago com o meu dinheiro. Tenho empregada em casa, a quem pago a tempo e horas, com descontos para a segurança social, subsidio de Natal e ferias, imagine-se!
Tenho os meus filhos numa escola publica, por opção, porque me sinto no direito de exigir uma escola publica de qualidade e de lutar por ela. Por isso meti-me na Associação de Pais, ocupando assim parte do meu tempo de lazer a desempenhar um papel de cidadã empenhada. Cidadania, deveres cívicos, participação cívica, não sei se vos diz alguma coisa.... Talvez não pois como não é tacho nem traz regalias associadas (muito pelo contrario) não deverá fazer parte da vossa realidade....

Trabalho muitíssimo, em horário normal, à noite, sábados, domingos, feriados, quando tem que ser. Trabalho praticamente todos os dias nas minhas ferias. Estou rodeada de pessoas com problemas e faço o meu melhor para as ajudar, às vezes quase de borla. Pago uma brutalidade de impostos. Tento ser uma boa pessoa.

E agora vêm V. Exas. dizer que eu, como sou rica (??!!!) ainda vou pagar mais impostos, sendo que no meu caso e como trabalhadora independente que sou serei duplamente penalizada, como é do conhecimento publico.
Ou seja, pela primeira vez na minha vida sinto que não terei qualquer beneficio em trabalhar mais e ganhar mais, muito pelo contrario...Pela primeira vez na minha vida dou por mim a pensar em formas de contornar as minhas obrigações fiscais, em fugir da situação que sempre acreditei ser a correcta, a de ser honesta e pagar os meus impostos, a de trabalhar e contribuir para o crescimento, o meu, o da minha família, o do meu país.
Há algum tempo que deixei de acreditar em Deus. Há algum tempo que deixei de acreditar nos políticos. Mas agora não acredito neste país. Nem no futuro. Agora não consigo transmitir aos meus filhos que o futuro depende de nós e do nosso esforço porque isso não é verdade, como está bom de ver. Agora tenho ganas de lhes dizer, aos meus filhos, que estamos entregues a um bando de cabrões que se andam a encher à nossa conta há décadas e que somos governados, sistematicamente, por uma cambada de filhos da puta que mais não fazem do que tratar dos seus interesses e que mesmo nesta altura em que pedem sacrifícios ao povo não prescindem de nada. Nem das reformas que acumulam. Nem dos carros de luxo. Nem das dezenas de secretarias e motoristas. De nada.
Agora dou por mim com vontade de dizer aos meus filhos que não devem ter medo do papão ( que só existe nas historias infantis) mas sim dos governos e dos políticos. Esses sim, é que nos fazem mal e dão cabo de nós. Esses sim, é que andaram a viver à grande, gerindo este país ao arrepio de todas e quaisquer normas de boa gestão, assumindo compromissos impossíveis de cumprir, somando dividas atras de dividas, que nós e eles (filhos) vão ter que pagar.

Por isso meus senhores, a mensagem que tenho para vocês é simples: VÃO PARA A PUTA QUE VOS PARIU! Mas é de coração...

Espectacular!



Pois que a equipa de futebol onde o meu filho mais velho vai competir já tem calendário oficial e as equipas do seu campeonato são as seguintes:
- At. Povoense
- Vilafranquense
- Alverca
- Arrudense
- Juventude Castanheira
- Carregado
- FC Ota
- At. Malveira B
- Torreense
Tudo aqui ao ladinho de casa, portanto!

Estou tão mas tão contente... eu e o meu GPS, que vai ter que mostrar serviço....

E pronto ...

... cá estou eu em mais uma jornada futebolística infantil!

Hoje calhou -me o Martim, no campo do Sacavenense. Ao pai calhou o Goncalo, daqui a uma hora em Almada.
Ao final do dia encontramo-nos todos em casa e teremos um serão em família, esperemos que sem lesões
Ele há melhor programa para um sábado soalheiro? Há, mas fica para outras núpcias...

Viva os direitos das crianças e as actividades desportivas que nós, pais amorosíssimos, fazemos questão de proporcionar aos nossos filhos, para que eles cresçam saudáveis e com objectivos e hábitos que os desviem da má vida.
Viva!



mags

Isto só visto!

Apesar de haver coisas bem mais graves a afectar este nosso Portugal, não pude deixar de ficar estupefacta com o " pequeno lapso" referente à inclusão de um livro de poesia para adultos da Alice Vieira no Plano Nacional de Leitura, mais propriamente como livro recomendado para alunos do 2 ano ( no meu tempo, 2 classe).
E porquê? Porque pensava eu, na minha ingenuidade, que para efeitos da inclusão no Plano Nacional de Leitura haveria alguém, com competências para o efeito, que lia os livros, os analisava ainda que sucintamente, verificava a conformidade dos mesmos com os objectivos de cada ano de escolaridade e, consequentemente, os incluía exactamente onde? No Plano Nacional de Leitura, claro está, e recomendado para determinado ano de escolaridade.

Pois que não. Parece que não é nada disso. Parece que é a olho. Do tipo, "Alice Vieira, Rosa minha irmã Rosa, Lote 12 2 Fte, Chocolate à Chuva, putos. Putos, novesfora, 2 ano. Feito."
Deve ser isto... pensando bem talvez seja este critério que explica que a Luisa Ducla Soares seja recordista absoluta de presenças no PNL (não tenho a certeza que seja, mas no pódio deve estar). Ou que continuem a obrigar as crianças de 12 anos a ler esse terror da literatura lusa que é o "Bichos", do Miguel Torga (embora reconheça a eficácia deste livro para que as crianças passem a odiar ler, o que em alturas de crise como a que vivemos dá sempre jeito, que os livros estão caros comó catano).

Ora, salvo melhor opinião, este "lapso" não só demonstra uma total incompetência e inutilidade de quem dirige o programa como revela um total desrespeito pelos autores, pelos alunos e pelos pais, que andam todos contentes a pensar que seus rebentos andam a ler os livros que são mais adequados para as suas idades e para os objectivos do ano de escolaridade que frequentam e no entanto...
”Ó Ruben, tu não leias essas porcarias do Geronimo Stilton, tu lê os livros do Plano Nacional de Leitura que esses é que são bons livros, e para a tua idade".

Por outro lado, fico descansada por não ser utilizado o critério da mesa de cabeceira, senão nas ferias do Natal ainda tinha o puto a ler as não-sei-quantas sombras de Grey...


Erro de casting

Hoje na novela Dancing Days a má da fita viu o seu carro ser apreendido por um agente de execução, que lhe disse "sou agente de execução, o seu carro está penhorado por dividas ao banco, vou ter que o apreender".

E logo meu marido, ele sim agente de execução, disse: " olha para aquele fosquinhas, eu fazia isto muito melhor, tenho melhor aspecto e falo melhor...aquele ar de totó até deixa a classe mal vista...".

Erro de casting, amor, erro de casting...

A idade dos porquês

Porque é que este fim de semana não me pareceu assim especialmente grande? Porque é que amanhã já é segunda-feira? Porque é que vou ter uma semana com trabalho até ao camandro? Porque é que não me apetece nada ter esta semana que me espera? Porque é que o camião de ouro da SIC não estacionou à minha porta? Porque é que na sexta feira não me saiu o Euromilhões nem o joker? Porque é que tambem não me saiu o Totoloto? Porque é que há dias (muitos) em que me apetece fazer tudo menos aquilo que escolhi como profissão? Porque é que há tanta coisa que não é como gostava que fosse? Porque é que não posso ser rica e dondoca, que me assentava tão bem e me faria tão feliz?
Porquê? Porquê?


Não sei se chore ou se ria...

Uma tarde nos Juizos Criminais de Lisboa é sempre uma tarde bem passada.

Percepciona-se in loco esta triste realidade em que vivemos mas ainda nos rimos um bocadinho, desde advogados completamente apanhados do clima (mesmo) a arguidos com 20 anos e uma folha de registo digna de nota, é só escolher se rimos primeiro e choramos depois ou vice versa.

Uma levava ganza escondida nas cuecas para o namorado, que estava de cana no EPL, se descontrair um bocadinho e foi apanhada pela guarda prisional na revista da entrada. 20 anos, desempregada, pena suspensa, um filho, a morar numa casa da Câmara mas sem pagar renda porque não tem dinheiro nem trabalho. O MP pediu prisão domiciliaria. Bem sei que é crime mas por amor de Deus, era uma ganza não eram 100 gramas. E além disso o pobre coitado do namorado nem lhe sentiu o cheiro (nem a ela, que foi detida, nem à ganza) quanto mais fumá-la...

Outro foi roubar cobre a uma obra e foi apanhado. €35, era o valor. O cobre foi de imediato restituido ao seu dono. O rapaz tem um filho de 9 anos embora não pareça, ele proprio, ter mais do que 20. E uma folha de serviço espectacular, digna de alguem que já viveu 3 vidas de crime... Só em condenações em multa por condução sem carta já tinha tirado todas as cartas (carro, moto, camião e barco) e ainda comprava pelo menos um carrito em segunda mão.

Outro tinha o vidro do carro partido e o policia zeloso que detectou a coisa foi à procura dele e quando o levou até à viatura, enquanto se certificava que o carro era dele, encontrou lá dentro uma espingarda e uma catana, obviamente ilegais, que o senhor guardava no carro porque estava a mudar de casa. Fez-me lembrar a historia de um amigo meu que em tempos foi apanhado a guiar com uns copos e foi para a esquadra e quando lá estava apareceu um homem a guiar uma motoreta e a queixar-se que ia a entrar em casa quando levou com um azulejo ou uma pedra, já não me recordo, que um vizinho atirou pela janela e lhe acertou em cheio na mona. Até aqui tudo bem. O problema é que o queixoso estava alcoolizado e como ia a guiar a motoreta ficou detido. Parece anedota, mas não é.

Um advogado que lá andava era completamente tresloucado e enquanto decorriam os outros julgamentos falava sozinho, ria, gesticulava. Ah, e em 10 minutos explicou ali a todos os presentes na sala (antes da juiz entrar, ao menos isso) que esta crise se resolvia facilmente se o Banco Central Europeu emprestasse dinheiro aos paises  à mesma taxa de juro que empresta aos bancos. E ia por aí fora, se a Meretissima não tivesse entrado (embora ainda tivesse continuado a sua explicação durante a entrada da dita, mas depois como ninguem lhe ligou nenhuma lá se calou).

A juiz, fantástica. O procurador do Ministerio Publico tambem (à excepção da prisão domiciliaria para a miuda da ganza). Não lhes gabo a sorte e muito menos a profissão.
E pronto, é destas merdas que os tribunais estão entupidos. E eu, que já não ia há anos aos juizos criminais, constatei que pouco mudou. Nem sei se ria se chore. Ou ambos.

Quanto ao que lá fui fazer depois conto, quando o meu julgamento acabar, que com estas merdilhices todas no meu julgamento apenas foi ouvido o meu cliente, arguido num processo de difamação que lhe foi movido por um medico apanhado dos cornos e arrogante até mais não, e como já era tarde e temos que voltar na proxima semana para ouvir as 8 testemunhas, que lá estiveram 3 horas a conviver no hall.