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Martim, o terrível

Hoje quando o pai o foi buscar ao colégio o Martim estava de castigo. Sentado a um canto, braços caídos, ar infelicíssimo e dramático. Como ele tão bem sabe fazer.
Ao questionar o que se passava, o pai recebeu da auxiliar a resposta de que o Martim estava de castigo porque tinha dito um grande disparate, chamado um nome muito feio a um amiguinho ( por sinal o seu grande amiguinho ). Parece que nao estavam de acordo em qualquer coisa e o Martim nao vai de modas e chamou ao amigo o belo nome de "Filho da Puta".

O pai, claro está, ralhou-lhe e disse que era um disparate muito grande e muito feio, blá, blá, blá, onde é que ele ouvia isso... O Martim, ainda com um ar muito abatido, foi pronto na resposta: "Ouço-te a ti papá, tu tás sempre a dizer isso no Sporting...".
A auxiliar nao conteve a gargalhada.
O pai teve que disfarçar o riso.
O Martim começou com aquele ar de palhaço que quem o conhece já está a visualizar.

Chegados a casa, umas horas depois (que hoje foi dia de treino de futebol) o pai contou-me a história e ao jantar resolvi abordar o assunto.
Eu: "Ouvi dizer que estiveste de castigo na escola"
Martim: "É verdade, disse um disparate"
Eu :"Pois, já sei.... Achas que isso é coisa que se chame às pessoas?"
Martim: "Eu nao chamei, só perguntei...."

Para além de me ocorrido logo a imagem do meu filho a perguntar "Ei, há algum filho da puta por aí?" ou "Ouve lá, por acaso és um filho da puta?", não pude deixar de admirar esta criança, que com 4 anos (quase 5, é certo) arranja sempre, mas sempre, uma maneira de tornar a sua culpa menos grave (pelo menos aos olhos dele).

A sorte dele é que tem muita piada. O nosso azar é que ele tem perfeita consciência disso.

Até tenho medo....

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