O meu homem está a ser operado. Foi internado ontem e por isso já não dormiu em casa.
À noite dei com o Martim a chorar em silencio. Perguntei-lhe o que se passava, o porquê de estar a chorar e ele respondeu -me que tinha muitas saudades do pai.
Primeiro argumentei que não fazia sentido ele ter essas saudades todas, até porque está habituado a que o pai esteja fora em trabalho. Respondeu-me que desta vez era diferente pois, e passo a citar, " eu sei que o pai não está a trabalhar e que está no hospital e por isso eu tenho medo que ele morra".
Tentei consola-lo e disse-lhe que o pai estava no hospital mas que era para ficar bom de um problema que tinha e que dentro de 2 ou 3 dias já estava em casa. Com muito esforço, o Martim lá se conseguiu acalmar. Mas estava nitidamente aflito. O Goncalo, que foi ficando também mais nervoso, tentava fazer-se de forte e desdramatizar a coisa, com o claro objectivo de aliviar a preocupação do irmão (pois também lhe vi a lagrima no canto do olho).
Esta manhã estavam os dois muito preocupados, o Martim e o Gonçalo. Quando os deixei na escola o Goncalo fez-me um pedido, que repetiu pelo menos 3 vezes: " Diz ao Pai que eu pedi ao Jesus para ele não ter muitas dores. E não te esqueças de lhe dar um beijinho nosso e de lhe dizer que vamos pensar nele e vai tudo correr bem. E que só não vamos para o hospital porque as crianças não podem estar lá quando não vão ao médico".
Disse-lhes, uma vez mais, para não ficarem preocupados e vim-me embora.
Há pouco recebi um telefonema. Era o Martim. Passou a manha toda numa ansiedade e angustia tal que a educadora resolveu deixá-lo ligar para mim, para perguntar se estava tudo bem. Lá o tentei tranquilizar mas fez-me prometer que quando o pai "abrisse os olhos" ligava para a escola a dizer.
Amor de filho é isto!
mags
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